Inaugurando a página, um daqueles momentos únicos.
Biblioteca do abraço
Muito trabalho, atividades para cumprir, casos para resolver e como se não bastasse, uma auditoria em vista. Aff, e no fim da tarde, aqueles minutos finais do expediente em que você está quase desligando o computador e entra um usuário…
Desta vez foi uma grávida, 38 semanas (descobrimos depois), pede orientações de como conseguir a ficha catalográfica. Convido-a a sentar-se, ela se posta na cadeira, fito-a rapidamente e pergunto se conhece o site da universidade e inicio as orientações, e quando olho-a novamente, questão de segundos, ela está ficando vermelha e com lágrimas nos olhos. Paro o que estou fazendo e pergunto se está tudo bem. Ai ela desaba em chorar inconsolável. Nossa, o que houve?! Como ajudar?! Minha colega rapidamente vai em busca de um pouco de água e eu, mesmo com o ar condicionado a toda prova, abano-a rapidamente para que ela recupere o fôlego (como se fosse resolver mas é um ato quase involuntário, rs). Minha colega chega com a água e um cafezinho (pra acalmar? rs). Ela toma a água, se acalma um pouco e pede para continuarmos.
Ela tinha vindo da sala do orientador e perguntei se foi o professor que a deixou assim, responde que não, que era o marido, “um idi….”. Me detive para não perguntar sobre o ocorrido. Então nos voltamos para a elaboração da ficha catalográfica, que é on line. Normalmente o usuário faz de sua casa, em seu computador, mas devido às circunstâncias, perguntei se ela queria que fizesses naquele momento o preenchimento da ficha, disse que gostaria. Assim, preenchi os campos com as informações fornecidas por ela. Concluímos, enviei para o email e pronto, terminado o último atendimento do dia, nos últimos minutos do expediente.
No momento da saída, um gesto automático, humano, solidário: um abraço.
Quis tanto dar aquele abraço, quanto ela o quis receber.
E o dia terminou assim: uma prestação de serviço, uma empatia e a retirada da poeira de cima da solidariedade. Não sei se fez bem a ela, a mim, fez um bem danado.
Lúcia Martins
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