Temos em nossa biblioteca um cantinho pra livre doação, na área de circulação, próximo à porta principal. Ali é colocado um e outro livro, revista, CD ou folheto que os usuários deixam, não querem mais e disponibilizam pra quem desejar levar.
E é incrível ver como alguns olham aqueles livros e voltam ao balcão de atendimento e perguntam: “posso levar?”
Perto desses livros tem um pequeno cartaz “livros disponíveis para doação” e ainda assim alguns veem e indagam se podem realmente pegar aquele material.
Esse gesto me enche de alegria, por ver que, mesmo que esteja explicito ali que é permitido levar, existem pessoas boas, honestas, corretas, de boa índole. Que precisam garantir que seu gesto não será equivocado. Nesse momento confirmo a minha certeza de que não é como está na TV e nos jornais de todos os meios, “que não tem jeito, que as pessoas são corruptas, desonestas”. Temos sim gente íntegra, honrada, reta, proba, virtuosa.
Fico muito feliz, e minha fé num mundo melhor se renova. Olho nossos jovens, cheios de expectativas, uns aflitos, outros sorridentes, tímidos, falantes, sisudos. Demais transeuntes de uma aventura chamada vida, cada um levando seus sonhos, suas frustrações, seus medos e sua força, dando um passo de cada vez.
Vejo, através do balcão de atendimento, um portal pra vida real mas também um janela pra conexões positivas. Em cada rosto que dá um bom dia ou não, que olha nos meus olhos ou não, uma possibilidade de que um, entre tantos, esteja na mesma vibe que eu, em ajudar a torna o nosso mundo um melhor lugar.
Atrás de um balcão de biblioteca e vivendo uma grande aventura.
Lúcia Martins
Veja outras histórias: